sábado, 19 de março de 2011

"Nerven", Robert Reinert (1919)


"Nerven" é um reflexo do estado de convulsão em que vivia a Alemanha no final da I Guerra Mundial, através do relato duma história de âmbito mais ou menos local, mas que retrata a situação de todo um povo.

O filme navega pelos estados de consciência alterados, desde a alienação mental transitória do jardineiro até à total loucura de Roloff. Roloff simboliza todos os males da sociedade, um homem rico, um cacique capitalista, disposto a chegar tão alto como puder. Por sua vez, o profesor Johannes é a sua antítese, o apóstolo do povo como o definem no filme, um agitador de massas, um libertador.

O filme, através do prólogo, confronta ambos os discursos. O filme tem pinceladas Expressionistas (sobretudo, nas interpretações e na decadente atmosfera do filme), para além de uma depurada técnica cinematográfica, destacando-se as alegorías incluidas no filme, inquietantes imagens com significados metafísicos e filosóficos.


"Nerven" faz uma interpretação dos problemas sociais nascidos após o final da I Guerra Mundial, numa sociedade débil que é desafiada por novos ideais revolucionários, mas onde também há lugar para a esperança (no final do filme), em sequências oníricas a partir das quais se contempla uma possível e pacífica utopia.

domingo, 13 de março de 2011

"The Dragon Painter", William Worthington (1919)



O fascínio do exótico Oriente, neste caso do mítico e teatral Japão. Imagens quase surreais, de encontro de civilizações.

sábado, 12 de março de 2011

"True Heart Susie", David Wark Griffith (1919)



"True Heart Susie", segue-se ao filme que trouxe Griffith para o melodrama, "Broken Blossoms", encontrando-se entre o romance pastoril e o melodrama. O filme centra-se numa jovem que se apoia na sombra do homem que ama, que, por sua vez, só a reconhece como amiga.


"True Heart Susie" é considerado como representando, ao lado de "Broken Blossoms" e "Way Down Esat" , o máximo da depuração da obra de Griffith, na inefável aproximação ao mistério dos seres humanos.
"Don't Change Your Husband", Cecil B. DeMille (1919)



"Don't Change Your Husband" marca a primeira colaboração entre DeMille e Gloria Swanson e aqui começa a história que nos levará aos suspiros de Swanson por Mr. DeMille em "Sunset Boulevard" (1950).

Do ponto de vista cinematográfico estamos na presença de uma comédia que segue a linha das comédias de costumes teatrais, que procuram corrigir os vícios pelo riso.

Neste filme DeMille a câmara delicia-se a apresentar pouco a pouco um marido relaxado, que deita a cinza do cachimbo no chão da sala, coloca os sapatos sujos sobre o lenço imaculado da mulher e não lhe dá qualquer atenção. A pobrezinha, que anseia por romance, encontra-o pouco depois no galã que a distraía no jantar de comemoração do aniversário de casamento dela - ao qual o marido se esquecera de comparecer.

O primeiro entretítulo do filme resume-o de forma brilhante: This not deal with the tread of victorious Armies, nor defeat Huns - but is just a little sidelight on the inner life of Mr. and Mrs. Potter - who found that they should not have looked for their marital troubles with a Telescope - but with a Microscope.

terça-feira, 8 de março de 2011

"Madame DuBarry", Ernst Lubitsch (1919)



Trata-se do primeiro filme histórico dirigido por Lubitsch, cuja estreia inaugurou o cine-teatro UFA-Palast am Zoo, em Berlim, e abriu as portas do mercado norte-americano ao cinema alemão e ao de Lubitsch em particular. Até 1922 Lubitsch realizaria ainda outros oito filmes para a UFA antes de trocá-la por Hollywood.

"Madame DuBarry" conta-nos a trajectória de vida de Jeanne Vaubernier na Paris da época de Luis XV. De simples modista e namorada do estudante Armand de Foix, ela torna-se amante de nobres da corte, concubina do rei e a mais poderosa mulher do reino. Durante a Revolução Francesa é julgada e condenada à morte por um tribunal presidido por Armand, um dos líderes da revolução. Pola Negri é a Madame DuBarry de Lubitsch.

"By Indian Post", John Ford (1919)



John Ford como Jack Ford a apurar a sua arte ... o western.

segunda-feira, 7 de março de 2011

"Harakiri", Fritz Lang (1919)



Este filme exótico de Lang, inspirado por "Madame Butterfly", peça teatral de John Luther Llong e David Belasco, confirma o controle do cineasta alemão para contar uma história, assim como o seu talento para a construção narrativa.

Fritz Lang continua com "Harakiri" a apostar numa concepção visual mais naturalista do cinema, ao contrário dos trabalhos de seus contemporâneos. O cenário nunca tenta suplantar a realidade, mas de certa maneira, tenta refazê-la. Este filme foi particularmente elogiado pelos críticos da época, por detalhes da natureza e da recriação do Japão daquele tempo.

sábado, 5 de março de 2011

"Die Puppe" (The Doll), Ernst Lubitsch (1919)



Um divertimento de Lubitsch, numa variação do para cinema do ballet "Copélia".

"Die Spinnen: Der Goldene See" (The Spiders: The Golden Sea) / "Die Spinnen: Das Brillantenschiff" (The Spiders: The Diamond Ship), Fritz Lang (1919 / 1920)


"Die Spinnen" foi o terceiro filme realizado por Fritz Lang e o primeiro a estabelecê-lo como um dos grandes realizadores do Cinema Mudo. "Die Spinnen" impediu Lang de realizar o clássico absoluto do Expressionismo Alemão, "The Cabinet of Dr. Caligari", uma vez que o produtor Erich Pommer o havia escolhido em primeiro lugar. Contudo, "Die Spinnen" acaba por ter vários criadores que participaram em "The Cabinet of Dr. Caligari", como o designer de cenários Hermann Warm e a actriz Lil Dagover.

"Die Spinnen" foi realizado em duas partes, estreadas em 1919 e 1920, tendo Lang a intenção em completar o seriado com uma terceira e quarta parte, denominadas, respectivamente, "The Secret of the Sphinx" e "For Asia's Imperial Crown". Infelizmente não seriam realizadas.

A obsessão com um Mal diabólico conduzido por uma força maléfica não visível são o prenuncio dos filmes sobre o Dr. Mabuse, realizados três anos mais tarde. Os ambientes exóticos onde decorre a acção de "Die Spinnen", muito populares na Alemanha do pós-Guerra, fez do filme um sucesso de público e da produtora Decla o maior estúdio alemão.

"J'Accuse!", Abel Gance (1919)



"J'Accuse!" narra a história de dois homens, um casado e o outro amante da mulher do primeiro, que se encontram nas trincheiras durante a I Guerra Mundial. Trata-se também do épico de Gance e uma enorme e profunda condenação da guerra.

Profundamente afectado pelos horrores da I Guerra Mundial, que devastaram a França e tomou a vida de muitos dos seus amigos, Gance criou um filme que, aquando do seu lançamento logo após o Armistício, tornou-se o primeiro grito de revolta contra a matança organizada que haviam devastado a civilização moderna entre 1914 e 1918.

No famoso clímax do filme, o herói, um poeta, desenvolve o poder místico de chamar pelos fantasmas dos mortos de guerra - interpretado por verdadeiros soldados que estiveram na frente, muitos dos quais morreram em batalha logo depois de aparecerem naquela sequência - procurando interpretar o motivo daquele sacrifício.

A realização de Gance é de uma modernidade desconcertante, com movimentos de montagem rápidos e sobreposições. O filme foi um sucesso em toda a Europa e Gance, na esperança de ter um igual sucesso nos Estados Unidos, foi até ao outro lado do Atlântico apresentando "´JÁccuse" numa sessão especial em Nova Iorque, em 1921, para uma plateia que incluía D.W. Griffith e as irmãs Gish. Mas os distribuidores norte-americanos mutilaram "J'Accuse" para que pudesse ser distribuído em todas as salas do país, transformando o épico de Gance num filme militar convencional.

"Unheimliche Geschichten" (Uncanny Stories), Richard Oswald (1919)



Filme em cinco episódios profundamente expressionista, de histórias de mistério e terror: "Die Erscheinung" (A Aparição) baseado numa história de Anzelme Heine, "Die Hand" (A Mão) segundo Robert Liebmann, "Die Schwarze Katze" (O Gato Preto) de Edgar A.Poe, "Der Selbstmorder Klub" (O Clube dos Suicidas) de R.L.Stevenson e "Der Spuk" escrito pelo próprio realizador Richard Oswald.