David Wark Griffith (Parte 2)
Em 1915 os três maiores realizadores de Cinema norte-americano eram David W. Griffith, Thomas H. Ince e Mack Sennett, que se juntaram para formar a Triangle Pictures Corporation. Foi sob a égide desta nova produtora que nasce, em 1916, o seu segundo épico: "Intolerance", com um custo de mais de dois milhões de USD. O filme marca o ponto mais alto de Griffith e do cinema norte-americano até então.
Tudo foi gigantesco: um exército de figurantes e actores, e sobretudo cenário faraónicos. O maior deles foi o palácio da Babilónia, com torres de 70 metros de altura e 1.600 metros de profundidade; para a cena da festa de Belsazar foram contratados mais quatro mil figurantes extras.
Em "Intolerance" Griffith fez tudo: dirigiu a horda de figurantes e actores (com os assistentes WS Van Dyke, Tod Browning e Erich von Stronheim), supervisionou a construção dos cenários, do guarda-roupa, a fotografia, a música, a montagem e, finalmente, foi ele que escreveu o argumento.
As vantagens desta omnipotência do realizador são evidentes, mas tem também inconvenientes: a ideologia do grande homem, a sua total falta de senso do ridículo, o pedantismo do seu autodidactismo e a confiança no seu próprio génio, explanaram-se livremente desde o genérico.
A recepção do filme fora dos Estados Unidos foi difícil, e apesar de ter sido aplaudido pelo Rei da Inglaterra, o filme foi censurado na Grã-Bretanha. Por força da sua mensagem pacifista foi proibido na Europa continental enquanto a guerra durou, e os franceses não permitiram a exibição de "O Massacre de São Bartolomeu". Estes fracassos inquietaram Griffith. Perseguido pelos seus credores, resignou-se a reeditar o filme e a exibir os episódios separadamente. No entanto, o filme nunca chegou a impôr-se junto do público e a crítica da época mostrou-se sempre relutante.
Noutras latitudes o impacto foi diferente, como aconteceu com Lenine que mostrou-se profundamente impressionado com "Intolerance". A influência sobre os cineastas soviéticos também foi evidente: Lev Kulechov, Serguei Eisenstein, Pudovkin Vsevolod Ilarionovich foram os primeiros a perceber a importância da mensagem cinematográfica de Griffith e, com as suas obras, deram-lhe o seu verdadeiro significado.
Em ruptura total com a opulência de "Intolerance", Griffith reaiza, em 1919, "Broken Blossoms", onde renuncia a qualquer alarde técnico a favor da privacidade e do pathos do drama de Lucy e do seu namorado Chen Huan. Foi um retorno à linha teatral e um prelúdio do género "Kammerspielfilm" alemão.
Entretanto dá-se o advento do cinema falado, que dá à luz uma nova Hollywood, e os filmes mudos vão desaparecendo e com ele a figura do seu pai artística, David. W. Griffith. Apesar de ter permanecido activo até ao início dos anos 31, nenhum dos seus filmes após "Intolerance" teve a ressonância revolucionária na invenção de uma gramática para o cinema.
Na noite de 23 de Julho de 1948, esquecido por todos, num quarto de hotel sujo em Hollywood, morreu David Wark Griffith. Entre as poucas pessoas do meio cinematográfico que assistiram ao seu funeral, estavam os realizadores Cecil B. De Mille e John Ford.
Tudo foi gigantesco: um exército de figurantes e actores, e sobretudo cenário faraónicos. O maior deles foi o palácio da Babilónia, com torres de 70 metros de altura e 1.600 metros de profundidade; para a cena da festa de Belsazar foram contratados mais quatro mil figurantes extras.
Em "Intolerance" Griffith fez tudo: dirigiu a horda de figurantes e actores (com os assistentes WS Van Dyke, Tod Browning e Erich von Stronheim), supervisionou a construção dos cenários, do guarda-roupa, a fotografia, a música, a montagem e, finalmente, foi ele que escreveu o argumento.
As vantagens desta omnipotência do realizador são evidentes, mas tem também inconvenientes: a ideologia do grande homem, a sua total falta de senso do ridículo, o pedantismo do seu autodidactismo e a confiança no seu próprio génio, explanaram-se livremente desde o genérico.
A recepção do filme fora dos Estados Unidos foi difícil, e apesar de ter sido aplaudido pelo Rei da Inglaterra, o filme foi censurado na Grã-Bretanha. Por força da sua mensagem pacifista foi proibido na Europa continental enquanto a guerra durou, e os franceses não permitiram a exibição de "O Massacre de São Bartolomeu". Estes fracassos inquietaram Griffith. Perseguido pelos seus credores, resignou-se a reeditar o filme e a exibir os episódios separadamente. No entanto, o filme nunca chegou a impôr-se junto do público e a crítica da época mostrou-se sempre relutante.
Noutras latitudes o impacto foi diferente, como aconteceu com Lenine que mostrou-se profundamente impressionado com "Intolerance". A influência sobre os cineastas soviéticos também foi evidente: Lev Kulechov, Serguei Eisenstein, Pudovkin Vsevolod Ilarionovich foram os primeiros a perceber a importância da mensagem cinematográfica de Griffith e, com as suas obras, deram-lhe o seu verdadeiro significado.
Em ruptura total com a opulência de "Intolerance", Griffith reaiza, em 1919, "Broken Blossoms", onde renuncia a qualquer alarde técnico a favor da privacidade e do pathos do drama de Lucy e do seu namorado Chen Huan. Foi um retorno à linha teatral e um prelúdio do género "Kammerspielfilm" alemão.
Entretanto dá-se o advento do cinema falado, que dá à luz uma nova Hollywood, e os filmes mudos vão desaparecendo e com ele a figura do seu pai artística, David. W. Griffith. Apesar de ter permanecido activo até ao início dos anos 31, nenhum dos seus filmes após "Intolerance" teve a ressonância revolucionária na invenção de uma gramática para o cinema.
Na noite de 23 de Julho de 1948, esquecido por todos, num quarto de hotel sujo em Hollywood, morreu David Wark Griffith. Entre as poucas pessoas do meio cinematográfico que assistiram ao seu funeral, estavam os realizadores Cecil B. De Mille e John Ford.
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