A propósito de "Afgrunden" - O Cinema Dinamarquês: origens e a Nordisk Films
Copenhaga no final do século XIX era mundialmente conhecida pela ligação entre a boémia da vanguarda cultural e a emergente liberdade sexual. As mulheres dinamarquesas desafiavam abertamente os esterotipos sexuais, fumando, vestindo fatos de corte masculinos e experimentando outras formas de comportamento anteriormente reservado aos homens. Filmes como Afgründen (1910) retratavam através de imagens impressionantes a liberdade erótico-sexual tipicamente dinamarquesa. Especialmente entre 1910 e 1912, a Dinamarca foi conhecida por criar os filmes mais ousados do seu tempo.
Mas a partir de 1911, com a criação na Suécia do primeiro Conselho de Censores, os produtores de filmes dinamarqueses foram obrigados a responder a um mercado internacional menos receptivo à expressão gráfica do desejo sexual e a problemas sociais como o alcoolismo e a ilegalidade.
Esta sensibilidade aos valores morais de fora do país faz sentido, se nos lembrarmos que o Cinema dinamarquês foi concebido como um produto de exportação quase desde o seu início. Era imensamente popular na Rússia, Estados Unidos, Alemanha e noutros países Europeus; por volta de 1919, apenas 1,5% de todos os filmes produzidos na Dinamarca eram reservado para estrito consumo interno.
Conhecida como a Era Dourada do Cinema Dinamarquês, o período 1910-1914 foi testemunha dos primeiros filmes de realizadores como Carl Theodor Dreyer e Benjamin Christensen, bem como a consagração internacional da actriz Asta Nielsen, quase imediatamente após seu desempenho de Magda Afgründen.
De 1908 até 1915, o Cinema dinamarquês figurou com destaque na indústria cinematográfica internacional, chegando alcançar uma elevada reputação como cinema de melodramas sociais ou de arte erótica. De acordo com Rune Waldekrantz, os filmes dinamarqueses deste período contribuíram para a introdução de três grandes inovações no mundo do cinema: primeiro, a duração até então insuspeitada de 35 minutos, em segundo lugar, a noção de uma estrela de cinema como ídolo romântico e, finalmente, a representação gráfica do desejo sexual feminino.
O fotógrafo da Casa Real, Peter Lars Efelt, comprou a sua câmara Lumière em Dezembro de 1896, e usou-a pela primeira vez num parque de Copenhaga, filmando cães da Gronelândia a puxarem um trenó, com 10 minutos trata-se do primeiro filme crónicas sobre as actividades da Casa Real Dinamarquesa, o que contribuiu para a popularidade dos filmes sobre a "realidade". Ao retratar os actores, a realeza, políticos, jornalistas e empresários, compositores e atletas, estes filmes estavam fadados a dominar o mercado cinematográfico até ao início da primeira década. Efelt também realizou o primeiro filme de ficção na Dinamarca. Baseado na história de uma mulher que foi executada pelo assassinato dos seus filhos: "Henrettelsen" (1903). Considera-se que este filme foi o único de ficção que se sabe com certeza que foi produzido inteiramente na Dinamarca antes do produtor-realizador Ole Olsen começar a fazer filmes em 1906. Entre 1896 e 1916, Efelt contabilizará mais de 200 obras, a maioria delas realcionadas com as convenções da época, retratando figuras públicas ou eventos da actualidade.
Começando com 1899, o dinamarquês Ole Olsen viajou por toda a Suécia projectando filmes em diferentes locais. Em 1905 fundou o Biografteater em Copenhaga. O programa de abertura do primeiro cinema da Dinamarca permanente foi um documentário sobre a Suíça, um drama indiano baseado na obra de Fenimore Cooper e uma peça sobre Joana d'Arc. E foi por ter chegado à conclusão que os filmes produzidos pela Pathé não eram suficientes para atender à procura de um público em expansão, que começou as suas próprias produções. Em Janeiro de 1906 comprou a sua câmara de filmar e, no final do mesmo ano, fundou, juntamente com Richard Arnold Nielsen, a Nordisk Films Kompagni em Valby, um subúrbio de Copenhaga.
Durante o seu primeiro ano, a Nordisk produziu cerca de uma centena de documentários e longas-metragens, incluindo 37 longas-metragens, dos quais presume-se que apenas três sobreviveram. Olsen controlava todos os aspectos da produção, distribuição e projecção.
A Nordisk dominou a produção de filmes dinamarqueses durante vários anos, trazendo para o grande ecrã dramas sociais, que se concentravam nos problemas domésticos, como a infidelidade e os problemas financeiros, as diferenças de classes sociais e transgressão dos laços sociais, especialmente pelos amantes. Com o "boom" económico que tinha beneficiado no ano anterior, a Nordisk Film Kompagni cresceu drasticamente durante a época de ouro. Por volta de 1912 a Nordisk tornou-se na segunda maior produtora da Europa, a seguir à Pathé, produzindo somente naquele ano 170 filmes e 370 em 1913. Mas a Nordisk não foi a única empresa próspera naqueles anos: entre 1910 e 1914 na Dinamarca foram criadas pelo menos 19 companhias de cinema, embora muitas delas não sobreviveram ao período de estagnação económica que se seguiu ao fim da II Grande Guerra.
A Nordisk tinha filiais nos principais países europeus, sendo a única empresa que tinha uma cadeia de distribuição nos Estados Unidos, onde era conhecida como a Great Northern Company. No seu auge, a Nordisk empregou um número de pessoas que variou entre 1400 e 1700, contratadas a tempo integral eem vários países, desde a Alemanha, França, Estados Unidos e Inglaterra.
A Nordisk lançou também uma série de grandes realizadores: Peter Urban Gad, Viggo Larsen, August Blom, Holger Madsen estam entre os principais. Também basiou a sua reputação na qualidade dos seus actores: Valdemar Psilander, Clara Wieth Ponteppidan e Asta Nielsen trabalharam para Nordisk. Depois da sua performance em "Afgründen" e em inúmeros filmes dinamarqueses e alemães, Nielsen foi uma das maiores estrelas do Cinema Mudo.
Em 1917, a UFA adquiriu a filial alemã da Nordisk e, após 1918, a Nordisk limitou-se a fazer filmes para o mercado interno. Por volta de 1920, a produção caiu drasticamente e só oito filmes foram produzidos pela Nordisk. O período entre 1910 e 1914, a empresa dinamarquesa tinha produzido pelo menos 569 filmes. Infelizmente, apenas sete dos filmes do ano de 1910, o ano de seu primeiro sucesso internacional, sobreviveram.
Os efeitos da I Guerra Mundial selou a morte da idade de ouro do Cinema Dinamarquês: Rússia e França deixaram de projectar filmes Dinamarqueses acusando-os de serem pro-germânicos e, como todas as outras empresas cinematográficas, a Nordisk foi confrontada com a indústria de Hollywood que estava em pleno e constante crescimento.
Mas a partir de 1911, com a criação na Suécia do primeiro Conselho de Censores, os produtores de filmes dinamarqueses foram obrigados a responder a um mercado internacional menos receptivo à expressão gráfica do desejo sexual e a problemas sociais como o alcoolismo e a ilegalidade.
Esta sensibilidade aos valores morais de fora do país faz sentido, se nos lembrarmos que o Cinema dinamarquês foi concebido como um produto de exportação quase desde o seu início. Era imensamente popular na Rússia, Estados Unidos, Alemanha e noutros países Europeus; por volta de 1919, apenas 1,5% de todos os filmes produzidos na Dinamarca eram reservado para estrito consumo interno.
Conhecida como a Era Dourada do Cinema Dinamarquês, o período 1910-1914 foi testemunha dos primeiros filmes de realizadores como Carl Theodor Dreyer e Benjamin Christensen, bem como a consagração internacional da actriz Asta Nielsen, quase imediatamente após seu desempenho de Magda Afgründen.
De 1908 até 1915, o Cinema dinamarquês figurou com destaque na indústria cinematográfica internacional, chegando alcançar uma elevada reputação como cinema de melodramas sociais ou de arte erótica. De acordo com Rune Waldekrantz, os filmes dinamarqueses deste período contribuíram para a introdução de três grandes inovações no mundo do cinema: primeiro, a duração até então insuspeitada de 35 minutos, em segundo lugar, a noção de uma estrela de cinema como ídolo romântico e, finalmente, a representação gráfica do desejo sexual feminino.
O fotógrafo da Casa Real, Peter Lars Efelt, comprou a sua câmara Lumière em Dezembro de 1896, e usou-a pela primeira vez num parque de Copenhaga, filmando cães da Gronelândia a puxarem um trenó, com 10 minutos trata-se do primeiro filme crónicas sobre as actividades da Casa Real Dinamarquesa, o que contribuiu para a popularidade dos filmes sobre a "realidade". Ao retratar os actores, a realeza, políticos, jornalistas e empresários, compositores e atletas, estes filmes estavam fadados a dominar o mercado cinematográfico até ao início da primeira década. Efelt também realizou o primeiro filme de ficção na Dinamarca. Baseado na história de uma mulher que foi executada pelo assassinato dos seus filhos: "Henrettelsen" (1903). Considera-se que este filme foi o único de ficção que se sabe com certeza que foi produzido inteiramente na Dinamarca antes do produtor-realizador Ole Olsen começar a fazer filmes em 1906. Entre 1896 e 1916, Efelt contabilizará mais de 200 obras, a maioria delas realcionadas com as convenções da época, retratando figuras públicas ou eventos da actualidade.
Começando com 1899, o dinamarquês Ole Olsen viajou por toda a Suécia projectando filmes em diferentes locais. Em 1905 fundou o Biografteater em Copenhaga. O programa de abertura do primeiro cinema da Dinamarca permanente foi um documentário sobre a Suíça, um drama indiano baseado na obra de Fenimore Cooper e uma peça sobre Joana d'Arc. E foi por ter chegado à conclusão que os filmes produzidos pela Pathé não eram suficientes para atender à procura de um público em expansão, que começou as suas próprias produções. Em Janeiro de 1906 comprou a sua câmara de filmar e, no final do mesmo ano, fundou, juntamente com Richard Arnold Nielsen, a Nordisk Films Kompagni em Valby, um subúrbio de Copenhaga.
Durante o seu primeiro ano, a Nordisk produziu cerca de uma centena de documentários e longas-metragens, incluindo 37 longas-metragens, dos quais presume-se que apenas três sobreviveram. Olsen controlava todos os aspectos da produção, distribuição e projecção.
A Nordisk dominou a produção de filmes dinamarqueses durante vários anos, trazendo para o grande ecrã dramas sociais, que se concentravam nos problemas domésticos, como a infidelidade e os problemas financeiros, as diferenças de classes sociais e transgressão dos laços sociais, especialmente pelos amantes. Com o "boom" económico que tinha beneficiado no ano anterior, a Nordisk Film Kompagni cresceu drasticamente durante a época de ouro. Por volta de 1912 a Nordisk tornou-se na segunda maior produtora da Europa, a seguir à Pathé, produzindo somente naquele ano 170 filmes e 370 em 1913. Mas a Nordisk não foi a única empresa próspera naqueles anos: entre 1910 e 1914 na Dinamarca foram criadas pelo menos 19 companhias de cinema, embora muitas delas não sobreviveram ao período de estagnação económica que se seguiu ao fim da II Grande Guerra.
A Nordisk tinha filiais nos principais países europeus, sendo a única empresa que tinha uma cadeia de distribuição nos Estados Unidos, onde era conhecida como a Great Northern Company. No seu auge, a Nordisk empregou um número de pessoas que variou entre 1400 e 1700, contratadas a tempo integral eem vários países, desde a Alemanha, França, Estados Unidos e Inglaterra.
A Nordisk lançou também uma série de grandes realizadores: Peter Urban Gad, Viggo Larsen, August Blom, Holger Madsen estam entre os principais. Também basiou a sua reputação na qualidade dos seus actores: Valdemar Psilander, Clara Wieth Ponteppidan e Asta Nielsen trabalharam para Nordisk. Depois da sua performance em "Afgründen" e em inúmeros filmes dinamarqueses e alemães, Nielsen foi uma das maiores estrelas do Cinema Mudo.
Em 1917, a UFA adquiriu a filial alemã da Nordisk e, após 1918, a Nordisk limitou-se a fazer filmes para o mercado interno. Por volta de 1920, a produção caiu drasticamente e só oito filmes foram produzidos pela Nordisk. O período entre 1910 e 1914, a empresa dinamarquesa tinha produzido pelo menos 569 filmes. Infelizmente, apenas sete dos filmes do ano de 1910, o ano de seu primeiro sucesso internacional, sobreviveram.
Os efeitos da I Guerra Mundial selou a morte da idade de ouro do Cinema Dinamarquês: Rússia e França deixaram de projectar filmes Dinamarqueses acusando-os de serem pro-germânicos e, como todas as outras empresas cinematográficas, a Nordisk foi confrontada com a indústria de Hollywood que estava em pleno e constante crescimento.
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