sábado, 30 de outubro de 2010

"L'Inferno", Giuseppe de Liguoro, Francesco Bertolini e Adolfo Padovan (1911)



O épico italiano nasceu da imaginação de Giuseppe de Liguoro e trata-se de uma adaptação livre da obra de Dante, "A Divina Comédia", e inspirado nas ilustrações de Gustav Doré. "L'Inferno" foi filmado durante três anos e envolveu mais de 150 pessoas e trata-se da primeira longa-metragem Italiana, que resultou num grande sucesso internacional (só nos Estados Unidos rendeu mais de 2 milhões de dólares).
"Oborona Sevastopolya" (Defence of Sevastopol), Aleksandr Khanzhonkov e Vasily Goncharov (1911)



A primeira longa-metragem do cinema russo (100 minutos) e o primero filme a utilizar duas câmaras de filmar em simultâneo.
"Lonedale Operator", D.W.Griffith (1910)



Griffith afina a sua arte, passando a utilizar narrativamente o "close-up".
"Zhizn i smert Pushkina" (Life and Death of Pushkin), Vasili Goncharov (1910)


O cinema russo a ganhar fôlego (ainda longe da propaganda revolucionária).

domingo, 24 de outubro de 2010

"The Wonderful Wizard of Oz", Otis Turner (1910)



O Feiticeiro de Oz antes da Golden Era.
Asta Nielsen - A primeira Diva do Cinema

Antes mesmo das espectaculares Divas italianas do Cinema Mudo, surgiu a figura e o talento de Asta Nielsen. A grande actriz dinamarquesa rápida e intuitivamente descobriu que o Cinema exigia uma linguagem expressiva diferente daquela utilizada no teatro. A sua subtileza e engenho, bem como o magnetismo que emana, é proverbial para os apreciadores.

Asta Nielsen foi a primeira Diva do Cinema, não só devido à sua enorme popularidade, mas também à sua influência na moda da época e na definição de tendências. Então, por que desapareceu esta estrela do imaginário cinematográfico, sobretudo quando se compara com as Divas que se seguiram - Garbo, Dietrich? A resposta poderá estar na indústria mais elaborada que "trabalhou" as Divas que a sucederam, elaborado-as para além dos seus próprios talentos.

No entanto, o sucesso de Nielsen foi verdadeiramente avassalador no seu tempo. Havia cigarros com o seu nome e chapéus, penteados, maquilhagem (para criar olhos negros como o intérprete) e um restaurante em Budapeste tinha costelas "a la Nielsen".

Asta Nielsen (1881-1972) era uma actriz relativamente desconhecida quando "Afgründen" foi realizado em 1910, mas em poucos meses tornou-se mundialmente famosa pela sua sensualidade espiritual, ganhando um status internacional comparável ao de Louis Brooks e Sarah Bernhardt. Devido à sua popularidade, o produtor alemão Poul Davidson rapidamente ofereceu-lhe um novo papel e, em 1911, partiu para a Alemanha para trabalhar na La Union. Antes de partir para a Alemanha, Nielsen estreou dois filmes Dinamarqueses: "Den Sorte Drom" e "Balletdanserinden", um drama sobre um triângulo amoroso entre uma mulher e dois homens.

Toda a sua carreira decorreu entre a Alemanha e a Dinamarca. E apesar do ministro da propaganda nazi, Joseph Goebbels, ter-lhe prometido um estúdio próprio para que ela pudesse permanecer na Alemanha, Nielsen regressou à Dinamarca em 1932. Nielsen publicou suas memórias em 1945 sob o título "Den tende Muse".

Asta Nielsen entrou para a história não como uma grande actriz (que foi), mas como uma grande Diva, capaz de usar roupas sofisticadas e sensuais, gestos e olhares sedutores. Se Gad em "Afgründen" sentiu a necessidade de usar grandes planos (17), foi claramente para melhor captar o olhar penetrante de Nielssen. A figura de Nielsen apontou para o surgimento de um novo lugar das mulheres no espectáculo de massas, reinventando a sensualidade do corpo e do olhar feminino.
A propósito de "Afgrunden" - O Cinema Dinamarquês: origens e a Nordisk Films

Copenhaga no final do século XIX era mundialmente conhecida pela ligação entre a boémia da vanguarda cultural e a emergente liberdade sexual. As mulheres dinamarquesas desafiavam abertamente os esterotipos sexuais, fumando, vestindo fatos de corte masculinos e experimentando outras formas de comportamento anteriormente reservado aos homens. Filmes como Afgründen (1910) retratavam através de imagens impressionantes a liberdade erótico-sexual tipicamente dinamarquesa. Especialmente entre 1910 e 1912, a Dinamarca foi conhecida por criar os filmes mais ousados do seu tempo.

Mas a partir de 1911, com a criação na Suécia do primeiro Conselho de Censores, os produtores de filmes dinamarqueses foram obrigados a responder a um mercado internacional menos receptivo à expressão gráfica do desejo sexual e a problemas sociais como o alcoolismo e a ilegalidade.

Esta sensibilidade aos valores morais de fora do país faz sentido, se nos lembrarmos que o Cinema dinamarquês foi concebido como um produto de exportação quase desde o seu início. Era imensamente popular na Rússia, Estados Unidos, Alemanha e noutros países Europeus; por volta de 1919, apenas 1,5% de todos os filmes produzidos na Dinamarca eram reservado para estrito consumo interno.

Conhecida como a Era Dourada do Cinema Dinamarquês, o período 1910-1914 foi testemunha dos primeiros filmes de realizadores como Carl Theodor Dreyer e Benjamin Christensen, bem como a consagração internacional da actriz Asta Nielsen, quase imediatamente após seu desempenho de Magda Afgründen.

De 1908 até 1915, o Cinema dinamarquês figurou com destaque na indústria cinematográfica internacional, chegando alcançar uma elevada reputação como cinema de melodramas sociais ou de arte erótica. De acordo com Rune Waldekrantz, os filmes dinamarqueses deste período contribuíram para a introdução de três grandes inovações no mundo do cinema: primeiro, a duração até então insuspeitada de 35 minutos, em segundo lugar, a noção de uma estrela de cinema como ídolo romântico e, finalmente, a representação gráfica do desejo sexual feminino.

O fotógrafo da Casa Real, Peter Lars Efelt, comprou a sua câmara Lumière em Dezembro de 1896, e usou-a pela primeira vez num parque de Copenhaga, filmando cães da Gronelândia a puxarem um trenó, com 10 minutos trata-se do primeiro filme crónicas sobre as actividades da Casa Real Dinamarquesa, o que contribuiu para a popularidade dos filmes sobre a "realidade". Ao retratar os actores, a realeza, políticos, jornalistas e empresários, compositores e atletas, estes filmes estavam fadados a dominar o mercado cinematográfico até ao início da primeira década. Efelt também realizou o primeiro filme de ficção na Dinamarca. Baseado na história de uma mulher que foi executada pelo assassinato dos seus filhos: "Henrettelsen" (1903). Considera-se que este filme foi o único de ficção que se sabe com certeza que foi produzido inteiramente na Dinamarca antes do produtor-realizador Ole Olsen começar a fazer filmes em 1906. Entre 1896 e 1916, Efelt contabilizará mais de 200 obras, a maioria delas realcionadas com as convenções da época, retratando figuras públicas ou eventos da actualidade.

Começando com 1899, o dinamarquês Ole Olsen viajou por toda a Suécia projectando filmes em diferentes locais. Em 1905 fundou o Biografteater em Copenhaga. O programa de abertura do primeiro cinema da Dinamarca permanente foi um documentário sobre a Suíça, um drama indiano baseado na obra de Fenimore Cooper e uma peça sobre Joana d'Arc. E foi por ter chegado à conclusão que os filmes produzidos pela Pathé não eram suficientes para atender à procura de um público em expansão, que começou as suas próprias produções. Em Janeiro de 1906 comprou a sua câmara de filmar e, no final do mesmo ano, fundou, juntamente com Richard Arnold Nielsen, a Nordisk Films Kompagni em Valby, um subúrbio de Copenhaga.

Durante o seu primeiro ano, a Nordisk produziu cerca de uma centena de documentários e longas-metragens, incluindo 37 longas-metragens, dos quais presume-se que apenas três sobreviveram. Olsen controlava todos os aspectos da produção, distribuição e projecção.

A Nordisk dominou a produção de filmes dinamarqueses durante vários anos, trazendo para o grande ecrã dramas sociais, que se concentravam nos problemas domésticos, como a infidelidade e os problemas financeiros, as diferenças de classes sociais e transgressão dos laços sociais, especialmente pelos amantes. Com o "boom" económico que tinha beneficiado no ano anterior, a Nordisk Film Kompagni cresceu drasticamente durante a época de ouro. Por volta de 1912 a Nordisk tornou-se na segunda maior produtora da Europa, a seguir à Pathé, produzindo somente naquele ano 170 filmes e 370 em 1913. Mas a Nordisk não foi a única empresa próspera naqueles anos: entre 1910 e 1914 na Dinamarca foram criadas pelo menos 19 companhias de cinema, embora muitas delas não sobreviveram ao período de estagnação económica que se seguiu ao fim da II Grande Guerra.

A Nordisk tinha filiais nos principais países europeus, sendo a única empresa que tinha uma cadeia de distribuição nos Estados Unidos, onde era conhecida como a Great Northern Company. No seu auge, a Nordisk empregou um número de pessoas que variou entre 1400 e 1700, contratadas a tempo integral eem vários países, desde a Alemanha, França, Estados Unidos e Inglaterra.

A Nordisk lançou também uma série de grandes realizadores: Peter Urban Gad, Viggo Larsen, August Blom, Holger Madsen estam entre os principais. Também basiou a sua reputação na qualidade dos seus actores: Valdemar Psilander, Clara Wieth Ponteppidan e Asta Nielsen trabalharam para Nordisk. Depois da sua performance em "Afgründen" e em inúmeros filmes dinamarqueses e alemães, Nielsen foi uma das maiores estrelas do Cinema Mudo.

Em 1917, a UFA adquiriu a filial alemã da Nordisk e, após 1918, a Nordisk limitou-se a fazer filmes para o mercado interno. Por volta de 1920, a produção caiu drasticamente e só oito filmes foram produzidos pela Nordisk. O período entre 1910 e 1914, a empresa dinamarquesa tinha produzido pelo menos 569 filmes. Infelizmente, apenas sete dos filmes do ano de 1910, o ano de seu primeiro sucesso internacional, sobreviveram.

Os efeitos da I Guerra Mundial selou a morte da idade de ouro do Cinema Dinamarquês: Rússia e França deixaram de projectar filmes Dinamarqueses acusando-os de serem pro-germânicos e, como todas as outras empresas cinematográficas, a Nordisk foi confrontada com a indústria de Hollywood que estava em pleno e constante crescimento.
"Afgrunden" (The Abyss), Urban Gad (1910)



A pujança do Cinema Dinamarquês, com a primeira diva do Cinema, Asta Nielsen.
"Frankenstein", J. Searle Dawley (1910)



O primeiro Frankenstein, pela mão da produtora de Thomas Edison.
"A Christmas Carol", J. Searle Dawley (1910)



O primeiro Scrooge bem definido em Cinema.
"White Fawn's Devotion: A Play Acted by a Tribe of Red Indians in America", James Young Deer (1910)



Um "western" interpretado por uma verdadeira tribo índia.

sábado, 23 de outubro de 2010

"A Midsummer Night's Dream", Charles Kent (1909)



Shakespeare chega ao Cinema.

Émile Cohl

Para conferir o seu legado para o cinema em geral e o de animação em particular, recomendo os seguintes endereços:

http://www.lips.org/bio_cohl_GB.asp

http://www.quintadimension.com/televicio/index.php?id=104
"Fantasmagorie", Émile Cohl (1908)


O primeiro filme inteiramente de animação, pelo mais importante pioneiro deste género cinematográfico.

domingo, 10 de outubro de 2010


David Wark Griffith (Parte 2)

Em 1915 os três maiores realizadores de Cinema norte-americano eram David W. Griffith, Thomas H. Ince e Mack Sennett, que se juntaram para formar a Triangle Pictures Corporation. Foi sob a égide desta nova produtora que nasce, em 1916, o seu segundo épico: "Intolerance", com um custo de mais de dois milhões de USD. O filme marca o ponto mais alto de Griffith e do cinema norte-americano até então.

Tudo foi gigantesco: um exército de figurantes e actores, e sobretudo cenário faraónicos. O maior deles foi o palácio da Babilónia, com torres de 70 metros de altura e 1.600 metros de profundidade; para a cena da festa de Belsazar foram contratados mais quatro mil figurantes extras.

Em "Intolerance" Griffith fez tudo: dirigiu a horda de figurantes e actores (com os assistentes WS Van Dyke, Tod Browning e Erich von Stronheim), supervisionou a construção dos cenários, do guarda-roupa, a fotografia, a música, a montagem e, finalmente, foi ele que escreveu o argumento.

As vantagens desta omnipotência do realizador são evidentes, mas tem também inconvenientes: a ideologia do grande homem, a sua total falta de senso do ridículo, o pedantismo do seu autodidactismo e a confiança no seu próprio génio, explanaram-se livremente desde o genérico.

A recepção do filme fora dos Estados Unidos foi difícil, e apesar de ter sido aplaudido pelo Rei da Inglaterra, o filme foi censurado na Grã-Bretanha. Por força da sua mensagem pacifista foi proibido na Europa continental enquanto a guerra durou, e os franceses não permitiram a exibição de "O Massacre de São Bartolomeu". Estes fracassos inquietaram Griffith. Perseguido pelos seus credores, resignou-se a reeditar o filme e a exibir os episódios separadamente. No entanto, o filme nunca chegou a impôr-se junto do público e a crítica da época mostrou-se sempre relutante.

Noutras latitudes o impacto foi diferente, como aconteceu com Lenine que mostrou-se profundamente impressionado com "Intolerance". A influência sobre os cineastas soviéticos também foi evidente: Lev Kulechov, Serguei Eisenstein, Pudovkin Vsevolod Ilarionovich foram os primeiros a perceber a importância da mensagem cinematográfica de Griffith e, com as suas obras, deram-lhe o seu verdadeiro significado.

Em ruptura total com a opulência de "Intolerance", Griffith reaiza, em 1919, "Broken Blossoms", onde renuncia a qualquer alarde técnico a favor da privacidade e do pathos do drama de Lucy e do seu namorado Chen Huan. Foi um retorno à linha teatral e um prelúdio do género "Kammerspielfilm" alemão.

Entretanto dá-se o advento do cinema falado, que dá à luz uma nova Hollywood, e os filmes mudos vão desaparecendo e com ele a figura do seu pai artística, David. W. Griffith. Apesar de ter permanecido activo até ao início dos anos 31, nenhum dos seus filmes após "Intolerance" teve a ressonância revolucionária na invenção de uma gramática para o cinema.

Na noite de 23 de Julho de 1948, esquecido por todos, num quarto de hotel sujo em Hollywood, morreu David Wark Griffith. Entre as poucas pessoas do meio cinematográfico que assistiram ao seu funeral, estavam os realizadores Cecil B. De Mille e John Ford.

terça-feira, 5 de outubro de 2010


David Wark Griffith (Parte 1)

Entre 1908 e 1913 D.W.Griffith realizou centenas de curtas metragens.

http://www.imdb.com/name/nm0000428/

Griffith é um dos maiores realizadores de todos os tempos, e um importante precursor do cinema de arte. Nasceu a 22 de Janeiro de 1874 no Kentucky, Estados Unidos. Os primeiros anos da sua vida foram marcados pelos restos do passado, de tradições e ruína física e moral da sua família, causados, entre outras circunstâncias, quando o seu pai, Jacob Wark Griffith, estava no exército dos Estados Unidos durante a guerra com o México e na Guerra Civil (1861) e, quando ferido em batalha, regressou a casa e teve de enfrentar a miséria de cinco anos de guerra sangrenta. Ao longo da sua vida, David W. Griffith teve diversas ocupações, incluindo operador de elevador, livreiro e escritor de poemas, peças curtas, entrevistas e reportagens, publicadas no "Louisville Courier".

Ao longo do tempo as suas aspirações artísticas levaram-o a ter aulas de canto e criar uma companhia de teatro, representando as obras da sua autoria. Algum tempo depois, determinado a seguir o caminho da arte, apesar da desaprovação da mãe, foi admitido como actor da companhia Stock Meffe, interpretando pequenos papéis no teatro de Louisville, usando o pseudónimo de Lawrence Griffith (com essa compnhia viajou por toda a União durante dez anos).

Em 1903 a indústria norte-americana de Cinema era uma indústria florescente. Por essa época, Edwin S. Porter, que iniciou o género "western" com "The Great Train Robbery", era considerado o principal produtor da época. Griffith abordou-o e ofereceu-lhe novos argumentos e, apesar da primeira abordagem ter sido rejeitado, acabou por conseguir emprego como actor no filme seguinte de Porter.

Já em 1908 Griffith chega aos estúdios da Biograph, em Nova Iorque, num momento em que a empresa precisava de um realizador para ocupar o cargo deixado vago por McCutcheon. Esta vaga foi-lhe oferecida por cinquenta dólares por semana, mais uma percentagem do lucro se o seu desempenho fosse satisfatório. Foi neste contexto que Griffith se estreou como realizador, num momento em que a Biograph produzia um ou dois filmes por semana.

Griffith levou então ao cinema argumentos e histórias de Alfred Lord Tennyson, Leo Tolstoi, Guy de Maupassant e Edgar Allan Poe. Nos seus últimos anos na Biograph, a sua maior conquista foi o assimilar as experiências de outras escolas e cineastas e desenvolver a arte da montagem.

Para além de ser um verdadeiro explorador da linguagem cinematográfica, Griffith também descobriu muitas das estrelas da emergente indústria cinematográfica norte-americana: as irmãs Lilian e Dorothy Gish, Mae Marsh, Blanche Sweet, Michael Sinnott, Mack Sennett e muitos mais. Mas a descoberta mais importante foi uma menina de cachos dourados, olhos azuis e rosto de princesa, que se estreou sob seu comando aos 16 anos em "The violin maker of Cremona" (1909), o seu nome era Giadys Mary Smith, e era conhecida artisticamente como Mary Pickford, que viria a ser a queridinha da América.

Em 1911, Griffith assinou o seu terceiro e último contrato com a Biograph, e no mesmo ano, fez o enorme número de 288 filmes, que no seu conjunto não deve exceder duas bobines. Algum tempo depois, formou sua própria produtora, junto com Harry Aitken, chamada Epoch Producing Corporation, que viria a produzir "The Birth of a Nation" em 1915.

Griffith foi um dos construtores de Hollywood, ao migrar a sua companhia em 1910 para Los Angeles, tornando-se assim o centro de gravidade do cinema norte-americano. Os outros produtores, antes de espalhar entre Nova York e Chicago, seguiram seu exemplo.

O primeiro grande filme de Griffith é "The Birth of a Nation", o qual adapta o livro "The Clansman" do reverendo Thomas Dixon, com um forte sotaque heróico do nascimento dos Estados Unidos, mas também das acções da organização racista Ku-Klux-Klan, após a Guerra da Secessão. Como o reverendo Dixon, Griffith era filho de um coronel confederado devastado pela guerra civil, estando profundamente enraizado desde os primórdios de sua infância um forte desdém pelos negros.

Polémica à parte "The Birth of a Nation" representa para muita gente o nascimento da Arte do Cinema. Antes dele nenhum outro havia contado uma história tão longa e complexa. Do ponto de vista técnico é um marco decisivo na evolução da Arte Cinematográfica. A versão final do filme, composta por doze bobines, num total de 1.375 planos, que faziam avançar a narrativa, e graças a uma utilização flexível da montagem, os planos gerais combinam-se originalmente com os planos próximos (médio e close-ups).

O sucesso comercial obtido por "The Birth of a Nation" ficou a dever-se, em grande medida, à controvérsia e ao escândalo atrás referido. Antes da sua estreia o Presidente Wilson exigiu visioná-lo em plena Casa Branca, contudo como se aproximavam eleições e ansioso para ganhar os votos do Sul, não fez nada para impedir a sua exibição. A estreia teve lugar em Los Angeles, sob protecção policial. Os meios de comunicação liberais e intelectuais do país, que criticaram abertamente o filme, que mostrava os negros como seres degenerados ou vilões (o único negro "bom" é escravo e, inevitavelmente, idiota). Mas os incidentes não demoraram a explodir: em Maio de 1915 a polícia de Boston enfrentou nas ruas uma multidão revoltosa durante um dia e uma noite, daí resultando numerosas vítimas. Violentas outras manifestações contra o filme tiveram lugar em Nova Iorque e Chicago.

Foi o primeiro grande escândalo da história do Cinema, mas ao mesmo tempo o primeiro grande "blockbuster". As posições apaixonadas dos jornais teve ainda a virtude de estabelecer a crítica de cinema como uma secção regular na imprensa. A preços correntes estima-se que "The Birth of a Nation" tenha rendido cerca de 50 milhões de USD nas bilheteiras! ("Gone with the Wind" de 1939 ficou-se pelos 41,2 milhões de USD).
"Stenka Razin", Vladimir Romashkov (1908)


E assim começava a cinematografia russa.

Desde o início do Cinema, os espectadores russos haviam sido conquistados pelos filmes importados, sobretudo franceses dos estúdios Lumière, Pathé e Gaumont. Nestes anos iniciais, as suas salas de projeção são alimentadas principalmente por produções dinamarquess, francesas e italianas.

O cinema russo nasce pela mão de um fotógrafo da corte imperial em São Petersburgo, Alexander Drankov, que cria um estúdio de produção muito influenciado pelo estilo francês. Grande conhecedor dos gostos do público russo, Drankov prepara um filme atento às necessidades da época romântica e formatado a gosto para a classe trabalhadora a quem é dirigida. Após uma tentativa frustrada em 1907, com o inacabado "Boris Gudonov", Drankov produz "Stienka Razin", filme inspirado numa das mais famosas baladas folclóricas russas, que conta a trágica história de amor entre um bandido generoso e uma princesa persa. Drankov fotografa o filme, enquanto Vladimir Romashkov realiza. Filmado praticamente todo em exteriores, envolveu cerca de 100 pessoas, com os artistas do Teatro Dramático de São Petersburgo.

Drankov parece pouco preocupado com a continuidade narrativa do filme. Esse é um detalhe menor, quando comparado ao que considerava realmente essencial: é o primeiro filme verdadeiramente russo!

O filme foi estreado a 15 de Outubro de 1908, com uma banda sonora composta por Mikhail Ippolitov-Ivanov. E foi um sucesso absoluto.
"Ben-Hur", Lew Wallace (1907)


O primeiro épico.
"Humorous Phases of Funny Faces", J. Stuart Blackton (1906)


E assim nascia o Cinema de Animação.
"The Story of the Kelly Gang", Charles Tait (1906)


Com uma duração de 60 minutos (6 bobines) aquando da sua estreia, "The Story of the Kelly Gang" ficou para a história como a primeira longa-metragem do cinema, assim como o primeiro filme narrativo Australiano. Infelizmente, actualmente já não é possível ver o filme na sua totalidade, já que apenas chegaram aos nossos dias cerca de 18 minutos de película.
"Esmeralda", Alice Guy-Blaché e Victorin-Hippolyte Jasset (1905)


A primeira adaptação da obra de Victor Hugo "O Corcunda de Notre Dame".
"Voyage à travers l'impossible", Georges Méliès (1904)


A primeira média metragem: a duração do filme é de cerca de 20 minutos, quase cinco vezes o comprimento do filme médio na época. Méliès inspirado pelo sucesso do filme anterior "Le Voyage dans la Lune", insiste (e bem) em Jules Verne e continua a talhar no Cinema o uso da narrativa e de efeitos ópticos/especiais.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

"La Vie et la passion de Jésus Christ", Lucien Nonguet e Ferdinand Zecca (1903)


O fascinante tema da Religião chega ao Cinema.
"The Great Train Robbery", Edwin Potter (1903)


O primeiro "western" e Hollywood a nascer.
"Alice in Wonderland", Cecil Hepworth e Percy Stow (1903)


Antes, muito antes, de Walt Disney e Tim Burton ...
"Le Voyage de Gulliver à Lilliput et chez les géants", George Méliès (1902)


Estávamos em 1902 e Méliès continuava a inventar o cinema de ficção científica.
"Le Voyage dans la Lune", Georges Méliès (1902)


E assim nascia o cinema de ficção científica!
"Scrooge, or, Marley's Ghost", Walter Booth (1901)



A primeira adaptação filmada do imortal "A Christmas Carol" de Charles Dickens.
"Rêve et Réalité", Irmãos Pathé (1901)

Charles Pathé (1863-1957) é um dos pioneiros do Cinema francês. Em 1896 fundou com os seus irmãos a Pathé Frères, empresa para promover o cinetoscópio inventado por Thomas A. Edison e William K. L. Dickson. A empresa cresceu rapidamente e em 1902, enquanto o seu irmão Émile ficou como responsável pelos gramofones, Charles liderou a indústria do Cinema, produzindo e realizando filmes de emulsão distribuídos mundialmente pelas suas vinte filiais.

Os primeiros sucessos foram filmes com elementos humorísticos, como lançamento de bolos e perseguições. A Pathé também foi a primeira empresa a produzir filmes realistas e científicos, bem como os cinejornais, introduzidos em França em 1909 e nos Estados Unidos em 1910.