domingo, 25 de setembro de 2011

FRITZ LANG


VIDA

Friedrich Anton Christian (Fritz) Lang nasceu a 5 de Dezembro de 1890 em Viena. Nascido numa família burguesa, o seu pai tinha uma construtora e a sua mãe, Pauline Schlesinger, era uma judia convertida ao catolicismo, raízes que posteriormente influenciaram as decisões tomadas durante o período nazi.

Lang estudou arquitectura incentivado pelos seus pais, embora tenha acabado por desistir e levado-o a estudar em diversas escolas de pintura, como a escola de Artes e Ofícios de Munique. Mas também esses estudos ficaram interrompidos, desta feita por uma viagem escatológica, empreendida sem destino pré-determinado e que o levou desde a Ásia ao Norte de África, através de um grande número de países europeus.

Em 1913 estabeleceu-se em Paris onde viveu de projectos e desenhos para jornais. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial ele é preso e, após escapar da prisão, Lang alista-se no exército austríaco e é enviado para a frente russa, onde foi ferido gravemente e perde o olho direito. De volta à sua Viena nativa para recuperar, começa a escrever argumentos que vende a produtores alemães. Como resultado, Erich Pomer, director da produtora DECLA, contracta-o como argumentista e actor.

A FASE ALEMÃ (1919-1934)

Lang fez sua estréia como realizador em Berlim, em 1919, com o filme "Halbblut" (Mixed Blood). Neste período alemão, Lang trabalha tanto para a produtora Nero-Film, pertencente a Nebenzahl Seymour, como para a UFA, o maior estúdio de cinema da Alemanha durante o período de esplendor da República de Weimar e durante a Segunda Guerra Mundial. Posteriormente realizaria "Die Spinnen" (The Spiders), um filme que era composto por quatro partes, mas que acabaria por filmar apenas dois tomos: "1. Teil - Der Goldene See" e "2. Teil - Das Brillantenschiff". Na ânsia de realizar a segunda parte de "Die Spinnen" cometeu um erro grave: deixou o projecto "Das Kabinet des Dr Caligari", o filme seminal do Expressionismo Alemão que acabou por ser realizado por Robert Wiene.

O seu primeiro sucesso internacional veio com "Der müde Tod" (1921), um filme sobre a luta do amor sobre a morte cuja argumentista, Thea Von Harbou (1889-1954), viria a ser a sua segunda mulher. A primeira, Lisa Rosenthal, cometera suicídio alguns anos antes com um único tiro no peito.


Também com Thea Von Harbou realiza muitos dos seus grandes sucessos, como "Dr. Mabuse, der Spieler" (1922) ou "Die Nibelungen" (1924), bem como muitos outros títulos. O realizador explora a beleza plástica, processamento de imagens e profundidade poética, dotando as suas obras de uma geometria expressionista muito característica.

Em 1924, viaja para os Estados Unidos, enviado pela UFA, para estudar os métodos de produção norte-americana. Profundamente impressionado pelos arranha-céus, esta viagem inspira-o para a sua obra-prima "Metropolis" (1926); o filme mais caro da UFA, tendo as filmagens durado mais de um ano e utilizado na sua gravação efeitos especiais revolucionários, enormes cenários, maquetistas…

O seu último filme mudo foi "Frau im Mond" (1929), baseado no livro de Júlio Verne "Journey to the Moon", tendo ficado famoso por ser considerado como o primeiro filme a introduzir na narrativa o "flashback".

Fritz Lang, para além de um grande mestre para a história do Cinema Mudo, mostra, desde o seu primeiro filme sonoro "M"(1931), uma clara inteligência para o uso de efeitos sonoros, usando-os artísticamente e não meramente como veículo da narrativa. De acordo com Lang, "M" devia-se ter chamaado "Os Assassinos estão entre Nós", numa alusão clara ao Nazismo, mas que por isso mesmo teve de assumir outro título.

Curiosamente Adolf Hittler foi um grande apreciador de Lang, tendo Goebbels oferecido-lhe o cargo de director da indústria cinematográfica alemã, para liderar a UFA e realizar a biografia de Guilherme Tell. No entanto, Lang era contrário à ideologia Nazi (mais não seja por respeito à sua mãe judia), pelo que na mesma noite do convite fugiu para França, deixando para trás tudo, inclusive a mulher, que pediu o divórcio. Anos mais tarde, a sua ex-mulher acabaria por escrever argumentos e realizar filmes de propaganda Nazi. Entretanto, o cargo de director da indústria cinematográfica alemã foi aceite por Leni Riefenstahl.

A ETAPA FRANCESA (1934)

Resume-se a um único filme, "Lillion" (1934).

A FASE AMERICANA (1934-1957)

No mesmo ano de 34 o productor David O´Serlick contrata-o para trabalhar na Metro Goldwin Mayer e Lang muda-se para a Califórnia. O seu primeiro filme americano foi "Fury" (1936) com Spencer Tracy. No total Lang realizou vinte e dois filmes nesta fase, incluindo três westerns e vários filmes anti-nazismo. Grandes títulos deste período são "You only Live Once" (1937) com Henry Fonda, "The Woman in the Window" (1944) ou "Rancho Notorious" (1952) com Marlene Dietrich.


Mas a partir da década de 1950, Lang começou a ter dificuldades em filmar devido ao clima intimidatório criado pelo Comité das Actividades Anti-americanas e o carácter difícil de Lang. Lang é acusado de ser abusivo com os actores, de se irritar com facilidade e da sua amargura crescente com a agudização da falta de visão, que ia disfarçando com o célebre monóculo (embora ele dissesse que o usava apenas para dar um toque dramático).

FASE FINAL (1958-1960)

Em 1958 Lang voltou à Alemanha onde filmou três filmes, sendo o último deles "Die tausend Augen des Dr. Mabuse" (1960), pondo fim a uma saga que lhe tinha trazido tanto sucesso.

Foi Presidente do júri do Festival de Cannes em 1964, e nos últimos quinze anos de vida não filmou, morrendo em 1976 em Beverly Hills.

sábado, 24 de setembro de 2011

"Der müde Tod" (Destiny / The Tired Death), Fritz Lang (1921)



"Der müde Tod" é mais uma obra-prima de um dos maiores realizadores de todos os tempos, Fritz Lang, que teve o condão de despertar o interesse de Luis Buñuel pelo cinema, considerado por Alfred Hitchcok um dos melhores filmes de todos os tempos e inspirado Igmar Bergman para "The Seven Seal".

Com um argumento excepcional, a história começa com um estranho personagem acompanhando um casal apaixonado. O novo morador da pequena cidade provoca grande apreensão nas pessoas, tanto pela sua aparência, quanto pelo brilho sinistro dos seus olhos. Estamos na presença da Morte.


Morte que leva o jovem justo e que, perante o desespero da sua noiva, decide dar uma oportunidade, prometendo devolver a vida do noivo se ela conseguir evitar a morte de uma das três vidas prestes a perecer. Lang mostra, então, a história das três luzes: na exótica Pérsia, na Veneza Renascentista e na China Imperial. Três tentativas de esperança. Três conflitos entre o Amor e a Morte.

"Der müde Tod" é uma maravilhosa fantasia gótica, inspirada nos sonhos de infância do genial Fritz Lang, em colaboração com sua mulher Thea Von Harbou. Um filme-parábola sobre a Vida, o Amor e a Morte.
"The Sheik", George Melford (1921)



"The Sheik" é Valentino e a consolidação do "latin Lover", desta feita por terras da Arábia. A partir deste filme a mitologia de Hollywood mudou para sempre, o culto dos actores galãs não mais parou.

"Amor de Perdição", Georges Pallu (1921)


Primeira de três adaptações do romance homónimo de Camilo Castelo Branco ao cinema - a segunda foi de autoria de António Lopes Ribeiro, em 1943, e a terceira de Manoel de Oliveira em 1978.

Trata-se da mais famosa adaptação literária da Invicta Film e um dos trabalhos de maior fôlego de Pallu. A famosa sequência do namoro à janela é uma das melhores soluções narrativas que se pode encontrar nos filmes do realizador francês. Os vários exteriores do filme revisitam os principais cenários do romance: as ruas estreitas de Viseu, a Universidade de Coimbra e a cidade do Porto. Segundo Manoel de Oliveira, o "Amor de Perdição" de Pallu foi o primeiro filme português vendido para os EUA.

"Apesar de não ter corrido mal, com mal não correu "Os Fidalgos da Casa Mourisca", "Amor de Perdição" esteve longe de ser o êxito espectacular que a Invicta procurou nessas duas "super-produções" qualquer delas em duas jornadas e com três horas de duração. Este "Amor" marca simultâneamente o máximo de ambição da Invicta (o filme custou 95 contos, qualquer coisa como 1 milhão de euros de hoje) e o começo do seu declínio, sobretudo quando se verificou que a distribuição internacional não "pegava" nestas obras.

Todos os interiores foram filmados no estúdio do Carvalhido (a decoração é modesta e convencional) mas para os exteriores filmou-se em Viseu e em Paços de Brandão, na Casa do Engenho Novo e no Solar da Portela, ou em Coimbra, na Universidade, com autorização especial "desde que os trajes escolhidos para a indumentária dos estudantes correspondessem à verdade histórica da época. E diz-se (diz o Dr. Félix Ribeiro) que só a cena do baile custou quinze contos.

Um último apontamento histórico, também devido a Félix Ribeiro: havendo na altura um litígio sobre os direitos do romance entre os herdeiros de Camilo e a Companhia Portuguesa Editora, os netos do escritor embargaram a estreia que foi adiada e só conseguida depois da Invicta lhes pagar 12 contos. E, a 9 de Novembro de 1921, "Amor de Perdição" estreou-se no Olympia do Porto (a 28 em Lisboa, no Condes) com uma pequena orquestra a tocar a partitura de Armando Leça, especialmente composta para o filme."

João Bénard da Costa, in Folhas da Cinemateca, 13 de Maio de 2003

"The Three Musketeers", Fred Niblo (1921)



Desde os primórdios do Cinema, os filmes de capa-e-espada empolgaram as audiências. A figura central destes filmes é um espadachim intrépido, que combina beleza máscula e agilidade corporal, charme e espírito de aventura. Em relatos aos quais não pode faltar energia dramática, vive intrigas rocambolescas, inseridas num contexto romântico e inspiradas geralmente em novelas históricas, folhetins popularescos ou contos orientais.

As peripécias são descritas em puro estilo visual, construído com o colorido dos trajes de época, a opulência dos cenários e, sobretudo, emocionantes lutas de esgrima.

Quem primeiro dotou o espadachim de um fascínio irresistível foi Douglas Fairbanks numa série de filmes que inclui "The Mark of Zorro" (1920), este "The Three Musketeers" e os seguintes "Robin Hood" (1922), "The Thief of Bagdad" (1924), "Don Q, Son of Zorro" (1925), "The Black Pirate2 (1926) e "The Iron Mask" (1929). Saltitante e sorridente, Douglas dominava o espaço com suas fabulosas piruetas e contagiante dinamismo, tornando-se um dos grandes ídolos do público.


Douglas Fairbanks não realizava os filmes, porém supervisionava cuidadosamente as produções, escrevia argumentos (sob o pseudónimo de Elton Thomas), seleccionava elencos e colaborava no planeamento das cenas de acção, que fazia questão de executar sem ajuda de duplos.

domingo, 18 de setembro de 2011


"The Four Horsemen of the Apocalypse", Rex Ingram (1921)


Baseado no romance "místico" de Vicente Blasco-Ibanez, este épico do Cinema Mudo bateu recordes de bilheteria, sendo o primeiro filme a facturar mais de um milhão de dólares, e tornou-se o sexto maior êxito de bilheteria do Cinema Mudo de todos os tempos. É também amplamente conhecido como o filme que mostrou ao mundo o "Latin Lover" Rudolph Valentino (nome real: Rodolfo Alfonzo Raffaelo Pierre Filibert Guglielmi di Valentina D'Antonguolla!!!).
"The Four Horseman of the Apocalypse" é um conto épico de uma família argentina que fica dividida e acaba a lutar em lados opostos durante WWI.