sábado, 28 de maio de 2011

"Körkarlen" (The Phantom Carriage), Victor Sjöström (1921)


Uma lenda escandinava fala-nos que a derradeira pessoa a morrer na última noite do ano, durante os vindouros 365 días terá que conduzir o carro da morte, recolhendo as almas dos defuntos dos seus corpos sem vida.

"Körkarlen" é uma obra monumental, Sjöström consegue conciliar o mundo mágico do carro da morte com a crueza da vida de David Holm (papel interpretado polo próprio realizador). Um relato de até que ponto o alcól e a vida podem mudar a forma de ser de uma pessoa. Uma obra sobre a vileza e o perdão.

A miúdo cométe-se o erro de pensar que no cinema mudo a estrutura temporal é uniforme e singela. Uma das múltiplas virtudes de "Körkarlen" é a mestría narrativa de Sjöström, capaz de utilizar múltiplos "flash-backs" e de contar histórias dentro da história sem que o espectador se perca.
"Why Change Your Wife?", Cecil B. DeMille (1920)


Mais um exemplo da qualidade narrativa cinematográfica de Cecil B. DeMille. Indiscutivelmente o melhor cineasta narrativo do seu tempo.


"Why Change Your Wife?" trata-se de uma excelente comédia sobre o casamento, o divórcio e como se volta atrás, num filme que desprende misogenia por todas partes. Destaque ainda para a muito jovem Gloria Swanson, e assim vamos percebendo a sua eterna saudade por Mr. DeMille em "Sunset Boulevard".

sexta-feira, 27 de maio de 2011

"Just Pals", John Ford (1920)


John Ford ainda como Jack Ford num melodrama sob o signo da América em construção, das pequenas cidades desconfiadas e amedrontadas pelo diferente.

"Heading Home", Lawrence C.Windom (1920)


Mais uma curiosidade dos primórdios do Cinema, onde os icones da época passavam meteoricamente pela Sétima Arte. Neste caso trata-se do "biopic" da lenda do baseball, Babe Ruth, interpretado pelo próprio.

"Sumurun", Ernst Lubitsch (1920)


Ernst Lubitsch, que trabalhou como actor na Deutsche Theater de Max Reinhardt, filma uma das peças de maior sucesso daquela companhia, "Sumurun". Às ordens de Reinhardt, Pola Negri havia triunfado com esta peça em Berlim e Varsóvia, e voltou a recriar a personagem da bailarina sob a batuta de Lubitsch. Com "Sumurun" Lubitsch rendeu, assim, homenagem a Reinhardt e criou outra faustosa produção cheia de exotismo e luxuosos detalhes cénicos.


Importa ainda sublinhar que a personagem do xeque é interpretada por outro destacado actor-realizador, Paul Wegener, o autor de "Der Golen".
"The Tiger's Coat", Roy Clements (1920)


Este filme merece ser recordado por se tratar do único filme com Tina Modotti que sobreviveu. Modotti, uma emigrante italiana em terras de tio Sam, evidenciou-se como activista política, diletante e boémia cultural e amante/musa do fotógrafo artístico Edward Weston.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

"Terror Island", James Cruze (1920)


Trata-se do mais afamado filme da incursão que Harry Houdini fez, entre 1918 e 1921, no Cinema, a par com os 15 episódios da série "The Master Mystery".


Neste filme o inventor Harry Harper (Harry Houdini) viaja pelos mares do Sul, onde está enterrado un tesouro pertencente a Beverly West(Lila Lee). Naturalmente, outras personagens também estão à procura desse tesouro, entre elas o pai de Beverly que é capturado por canibais que querem que Beverly lhes devolva uma pérola que pertence a um dos seus ídolos.
"Genuine", Robert Wiene (1920)


Robert Wiene é essencialmente conhecido por ter realizado a obra-primeira do Cinema Expressionista, "The Cabinet of Dr. Caligari"; com um estilo similar à sua obra-prima, no entanto, este "Genuine" não alcançou o mesmo virtuosismo de "Caligari".


"Genuine" conta-nos a história de Percy, um pintor, que vê a sorte mudar com a venda do seu último quadro que representa uma heroína de uma velha lenda. O quadro ganha vida e sonho e real misturam-se na lógica subconsciente da estética Expressionista.

sábado, 14 de maio de 2011

"Sex", Fred Niblo (1920)


Theda Bara foi a primeira grande "vamp" do Cinema, contudo no início da década de 20 começou a ser eclipsada por novas e jovens estrelas. A mais conhecida dessas novas "vamp" do Mudo foi Louise Glaum, que protagonizou tórridos melodramas como "A Law Unto Herself" e "Sweetheart of the Doomed."

Todavia, o seu momento alto foi alcançado com este "Sex", onde interpreta uma estrela de cabaret que se envolve com homens casados. O seu guarda-roupa em forma de teia de aranha é um tratado de intenções (pouco subtil) mas muito eficaz nestes primórdios do Cinema.

Apesar do luxuriante título, "Sex" é um filme que defende a moral conservadora, revelando a luxúria como um objectivo superficial que só pode acabar numa torrente de amargas lágrimas. A redenção está, no entanto, presente.


Fred Niblo, depois do sucesso de "The Mask of Zorro", dirige "Sex" com segurança, fazendo dele mais uma relíquia do Mudo do que propriamente um clássico.

domingo, 8 de maio de 2011

"The Mark of Zorro", Fred Niblo (1920)


Em "The Mark of Zorro" Douglas Fairbanks interpreta o seu primeiro papel como herói de acção, o tipo de interpretações que ele fará ao longo da sua carreira. E começou de forma soberba, com um dos "blockbusters" de 1920.

Antes deste mega sucesso Fairbanks apenas havia aparecido em comédias ligeiras. A partir daqui tudo foi diferente. Fairbanks também produziu o filme, através da United Artists que havia criado com Mary Pickford, D.W. Griffith e Charlie Chaplin.

Este género, conhecido por "swashbuckler", era o veículo perfeito para as características e habilidades atléticas de Fairbanks, sendo o próprio Fairbanks que fez todas as cenas de esgrima, duelo e acrobacias várias.

O filme "per se" não tem muito que se recomende, contudo marca o início da linguagem do género de filme de acção/aventuras que ainda hoje Hollywood utiliza.