quarta-feira, 8 de setembro de 2010


DEPOIS DO SONHO A TÉCNICA: OS PRIMEIROS APARELHOS

A Câmara Escura e a Lanterna Mágica constituem os fundamentos da ciência óptica, que torna possível a realidade cinematográfica.

O princípio da Câmara Escura foi enunciado por Leonardo da Vinci, no século XV. O invento foi depois desenvolvido pelo físico napolitano Giambattista Della Porta, no século XVI, que projecta uma caixa fechada, com um pequeno orifício coberto por uma lente; através dele penetram e cruzam-se os raios reflectidos pelos objectos exteriores. A imagem, invertida, inscreve-se na face do fundo, no interior da caixa.

A Lanterna Mágica foi criada pelo alemão Athanasius Kirchner, na segunda metade do século XVII, e baseia-se no processo inverso da Câmara Escura. É composta por uma caixa cilíndrica iluminada por uma vela, que projecta as imagens desenhadas numa lâmina de vidro.

Para captar e reproduzir a imagem do movimento, são construídos vários aparelhos baseados no fenómeno da persistência retiniana (fracção de segundo em que a imagem permanece na retina), descoberto pelo inglês Peter Mark Roger, em 1826. A fotografia, desenvolvida simultaneamente por Louis-Jacques Daguerre e Joseph Nicéphore Niepce, e as pesquisas de captação e análise do movimento representam um avanço decisivo na direcção do Cinematógrafo.

O físico belga Joseph-Antoine Plateau é o primeiro a medir o tempo da persistência retiniana. Para que uma série de imagens fixas dêem a ilusão de movimento, é necessário que se suceda à razão de dez por segundo. Em 1832, Plateau inventa um aparelho formado por um disco com várias figuras desenhadas em posições diferentes. Trata-se do Fenacistoscópio. Ao girar o disco, elas adquirem movimento. A ideia era apresentar uma rápida sucessão de desenhos de diferentes estágios de uma acção, criando a ilusão de que um único desenho se movimentava.

O Praxinoscópio é um aparelho que projecta na tela imagens desenhadas sobre fitas transparentes, inventado pelo francês Émile Reynaud (1877). A princípio uma máquina primitiva, composta por uma caixa de biscoitos e um único espelho, o Praxinoscópio é aperfeiçoado com um sistema complexo de espelhos que permite efeitos de relevo. A multiplicação das figuras desenhadas e a adaptação de uma lanterna de projecção possibilitam a realização de truques que dão a ilusão de movimento.

Em 1878 o fisiologista francês Étienne-Jules Marey desenvolve o Fuzil Fotográfico, um tambor forrado por dentro com uma chapa fotográfica circular. Os seus estudos baseiam-se na experiência desenvolvida, em 1872, pelo inglês Edward Muybridge, que decompõe o movimento do galope de um cavalo. Muybridge instala 24 máquinas fotográficas em intervalos regulares ao longo de uma pista de corrida e liga a cada máquina fios que atravessam a pista. Com a passagem do cavalo, os fios são rompidos, desencadeando o disparo sucessivo dos obturadores, que produzem 24 poses consecutivas.

Pesquisas posteriores sobre o andar do homem ou o voo dos pássaros levam Étienne-Jules Marey, em 1887, ao desenvolvimento da Cronofotografia a fixação fotográfica de várias fases de um corpo em movimento, que é a própria base do cinema.

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