sábado, 29 de dezembro de 2012

"Coeur Fidèle", Jean Epstein (1923)


Teórico do cinema, Jean Epstein, antes mesmo de se dedicar à sua prática, terá uma considerável influência na forma de pensar o mundo e o homem através das imagens dos filmes. Elemento importante de um grupo de Impressionistas franceses – a designada "primeira vanguarda", que inclui teóricos e cineastas como Germaine Dulac, Marcel l`Herbier, Abel Gance e Louis Delluc, Epstein escreveu vários ensaios sobre cinema, tendo colaborado, também, com as revistas Cinéa-Ciné, Les Temps Modernes, Mercure de France, Feuilles Libres, Corymbe, Revue Mondiale e Age Nouveau.
 
"Bonjour Cinéma" (1921) é um dos seus primeiros escritos sobre o Cinema, à data considerado e amplamente debatido como arte de vanguarda por Blaise Cendrars, Germaine Dulac e Louis Delluc, entre outros com quem Epstein privou. É, aliás, por intervenção de Delluc que Epstein é contratado por Jean Benoît-Lévy - produtor e realizador que considera o cinema como um instrumento priveligiado na educação - para rodar uma biografia de Pasteur ("Pasteur", 1922).
 
 
 
Em 1923, um contrato com a Pathé permite-lhe realizar três filmes de ficção: "L`Auberge Rouge", "Coeur Fidèle", "La Belle Nivernaise", e um documentário: "La Montagne Infidèle", que terá originado o ensaio "Le Cinématographe vu de l`Etna" (1926). Ainda em 1923, colabora com Abel Gance durante a rodagem de "La Roue". É o início do trajecto relativamente curto como cineasta, mas sobretudo a oportunidade de, a partir de então, dar forma às suas ideias sobre filosofia, literatura e imagem, através da criação cinematográfica.

Em "Coeur Fidèle", Epstein decidiu filmar uma sensível história de amor e violência para ganhar a confiança de aqueles, bem numerosos, que acreditavam que apenas o melodrama mais linear  podia interessar o grande público, e também com a esperança de criar um melodrama tão despido de todas as convenções que normalmente se atribuiem ao género, tão sombrio, tão simples, que poderia alcançar a nobreza e a excelência da tragédia.
 
"Coeur Fidèle" conta-nos a história de Marie, uma órfã adoptada pelo dono dum bar no porto de Marselha que a explora, e quere escapar do seu trabalho e do seu noivo alcoólico, para fugir com ootro homem, um estivador.


 

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