sábado, 2 de fevereiro de 2013

"The Navigator", Donald Crisp e Buster Keaton (1924)


"The Navigator" é um dos dois filmes de Buster Keaton, juntamente com "The General" (1926), seleccionado pelo British Film Institute na sua lista dos 50 melhores filmes de 1915 a 1945. O próprio Keaton afirmou ser esta a sua longa-metragem predilecta. Um filme que exemplifica na perfeição o rigoroso mecanismo de gags que particularizam a comédia de Buster Keaton, centrando a sua comicidade na acção e não no que o rodeia como faz Chaplin ao aplicar o gag ao pormenor.

O argumento parte de Robinson Crusoe para criar situações cómicas de signo totalmente contrário à obra Daniel Defoe. O filme mostra-nos a história de Rollo (Buster Keaton), um um jovem rico e apaixonado por Betsy (Kathryn McGuire), sua vizinha. Quando ele pede a mão de Betsy em casamento ela recusa e, depois de alguns desencontros, ambos acabam por ir parar a um navio sem mais ninguém a bordo, o "The Navigator". De seguida vemos Buster Keaton no seu zénite como personagem que não se consegue adaptar ao meio que o envolve apesar dos seus frustrados esforços, surgindo a maior parte dos gags dessa confrontação com o espaço ou uma determinada situação. 
 

A minha cena favorita, e uma das que mais me fez rir ao ver um filme, é a primeira noite em que Betsy é incapaz de conciliar o sonho pela presença de um inquietante quadro de um capitão que parece observá-la; finalmente decide lançá-lo ao mar, mas, com tamanha má sorte, engancha-se de forma que fica a balancear-se à frente da escotilha onde dorme Rollo, passando este a se o objecto da ameaçadora e sinistra observação. Gags como este funcionam a precisão e exactidão de um relógio.
 
Como era de esperar, o filme tem um desenlace apoteótico quando o barco encalha perto de uma ilha cheia de canibais. Buster tentará então reparar o barco com um escafandro antes dos canibais abordarem o barco, o que o levará a uma das situações mais surrealistas do filme, onde utiliza um caranguejo como ferramenta e se defende com outro como arma. Pese embora a sua afirmação de que quando passou para a longa-metragem teve de renunciar aos gags surrealistas, momentos como este demonstram que na realidade nunca abandonou esse tom por completo. 

"The Navigator" foi uma das muitas jóias do Cinema slapstick surgidas naquela época, que constituiu a sua idade de ouro.




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