sábado, 27 de abril de 2013

"Go West", Buster Keaton (1925)
 

Buster Keaton oferece-nos em "Go West" um dos seus trabalhos mais pessoais, um filme onde teve todo o poder de decisão na sua mão, ao escrevê-lo, produzi-lo, realiza-lo e claro está protagonizou. "Go West" é superficialmente uma entretida comédia que parodia o género do "western", um mundo de homens duros e rudes, que chocam com o carácter bonacheirão de Buster Keaton.
 
A personagem conhecida como o "Semamigos" (grande Buster Keaton), decide procurar melhor futuro embarcando num comboio de mercadorias, de onde cai por acidente indo parar a um rancho de gado onde lhe dão trabalho; contudo os seus nulos conhecimentos sobre a arte dos "cowboys" põe-o permanentemente em dificuldades, pelo que ali não encontra mais amizade do que a de uma vaca!
 
Poucos filmes são tão representativos do estilo e capacidade única que Keaton tinha para a comédia visual como "Go West", onde consegue um catálogo genial de gags ininterruptos que mantêm a imaginação, o génio e uma refrescante graça apesar do tempo transcurrido desde a sua feitura. Pode haver filmes de Keaton com melhor realização, com planos de maior beleza ou simplesmente mais arriscados, contudo poucos reflectem com tanta pureza o seu talento para fazer humor na sua mais básica definição, ou seja, com toda a complexidade naif que tal implica.
 
 

Para começar é um trabalho de um surrealismo absoluto, onde o argumento existe apenas e só como guia para desatar a sua comicidade. Cenas e gags em catadupa, a um ritmo frenético, uma realização efectiva e cheia de imaginação, uma carismática interpretação de Keaton (como sempre) e uma enternecedora amizade entre dois outsiders sociais, o "Semamigos" e uma vaca leiteira que não dá leite. "Go West" é assim uma das obras mais inspiradas e surrealistas de Keaton.

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