"Stachka" (a.k.a. Strike), Sergei M. Eisenstein
Este sim é a primeira longa metragem do mestre russo, que não estando ainda ao nível das obras-primas absolutas que são "Alexander Nevsky", "Bronenosets Potyomkin" ou "Ivan, The Terrible", ainda assim é um primeiro trabalho digno de admiração.
Morto que estava Lenin, Eisenstein desenvolveu a sua filmografia sob o governo do tio Pepe (Estaline), filmografia essa que evolui paralelamente com a Rússia do seu tempo, resultando sempre num cinema de conteúdo político e de veneração ao comunismo. Mas como se viu em "Bronenosets Potyomkin", o cinema de Eisenstein vai muito para além do panfletário, as características e virtudes deste autor passa por algo mais denso e artístico, como a facilidade que tem em conjugar os elementos simbólicos e dotar certas cenas de uma carga emocional sem precedentes, num contexto em que trabalha com pouquíssimos meios técnicos o que faz dele um artífice de uma originalidade impressionante.
Em "Stachka" cabe destacar os primeiros planos dos operários, as suas caras de indignação, as suas expressões de impaciência perante uma classe dominante trocionária no seu abuso de poder. Deste modo Eisenstein perfil os capitalistas como uns seres gordos e despreocupados ante os pedidos dos trabalhadores, fumando, bebendo e regozijando-se com a sua clarividência anacrónica: “Que insolência! Na fábrica não se faz política”.
O filme não se centra apenas na insurreição, mas também narra a situação de pobreza de que padece a população russa em geral. Dramas familiares, discussões, crianças que passam fome ... tudo isto num contexto de necessidade e falta de recursos que agitam a inevitável revolta.
Mas acima de tudo "Stachka" impressiona pela montagem - a fazer adivinhar o prodígio que é "Bronenosets Potyomkin" -, pelo grande impacto visual de pequenas acções que decorrem em paralelo e que se fusionam entre si para dar um maior ritmo a à acção, pela música trepidante, a um ritmo acelerado. Tudo isto define "Stachka" como um belo e agitado drama social.
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