sábado, 22 de outubro de 2011

"Der Brennende Acker" (The Burning Soil), F.W. Murnau (1922)


Autêntico conto moral, "Der Brennende Acker", o filme pós "Nosferatu", é um expoente notável na filmografia do mestre alemão. Como noutros filmes posteriores, Murnau passou para a tela uma história com resonâncias bíblicas, onde o autêntico se contrapõe ao falso sentido de sofisticação, o espirito se opõe ao material, e a autenticidade dos sentimentos à dissimulação. E fá-lo articulando uma dramaturgia que expressa ambientes contrastados. Cálidos dentro da sua austeridade são os que predominam nas composições desenvolvidas no interior da casa dos Rog, em contraposição à frialdade arquitectónica que define a mansão dos Rudenburg. Uma mansão caracterizada pelos seus recantos, por esses lugares obscuros que simbolizam a falta de transparência no exercício do poder.

Mas sobre todos esses espaços cinematográficos destaca-se essa assombrosa composição que mostra o interior da capela expiatória, que se erige no centro do denominado “Campo do Diabo”, con claras ascendências ligadas a um cinema fantástico por meio da sua influência expresionista – o momento em que o velho conde desce ao subterrâneo, projectando com o seu candieiro as sombras que oferece o contraste de luz com o crucifixo que preside à dita cripta é um dos momentos más impactantes de todo o filme.


O episódio de conclusão do filme, com o regresso do arrependido Johannes ao seu seio familiar e recuperando o amor da abnegada María, pode ser colocado por direito próprio entre os grandes episódios realizados por um dos cineastas mais importantes e decisivos da Sétima Arte.

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