domingo, 23 de outubro de 2011

"La Roue" (The Wheel), Abel Gance (1922)


O filme de Gance é uma tragédia familiar em ritmo operático que nos conta uma história que envolve paixão, desilusão e ódio. Tudo tendo o comboio como cenário. Este monumental filme francês (originalmente tinha 8 horas e 32 minutos de duração, tendo-se estreado com 5 horas) é um dos mais extraordinários de todos os tempos.

Escrito e realizado por Abel Gance, esta produção demorou três longos anos para ser finalizada. "La Roue" está na fronteira entre o filme de arte e de entretenimento, tal como "Intolerance" de D.W. Griffith e "Citizen Kane" de Orson Welles. E tal como aqueles filmes, também criou uma nova forma de contar uma história, que influenciou o Cinema como forma de arte. É um verdadeiro acontecimento cinematográfico.

Na montagem acelerada da famosa sequência em que o movimento progressivo de uma roda é-nos sugerido, não pelo plano fixo da roda a girar, mas pela sucessão cada vez mais rápida de planos iguais no seu movimento interior, afirma-se a importância da montagem e do ritmo externo na construção filmica. Léger afirma, a propósito do filme: "O surgimento deste filme é também interessante visto que vai determinar um lugar na ordem plástica para uma arte que tinha até agora permanecido quase completamente descritiva, sentimental ou documental. A fragmentação do objecto, o valor plástico intrínseco do objecto, a sua equivalência pictural, desde há muito que é do domínio das artes modernas. Com La Roue, Abel Gance elevou a arte do cinema ao plano das artes plásticas".

"La Roue" conta a história de Sisif, um engenheiro ferroviário, que adopta uma menina órfã, Norma, salva por ele num desastre de comboio. Ele cria como sua própria filha, juntamente com o seu filho, Elie. Já crescidos, Elie terá então que disputar com Herson o amor de Norma, com consequências trágicas.

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